Sargentos acusam Aguiar-Branco: "Foi habilidoso, foi mentiroso e foi cobarde"
O presidente cessante da Associação Nacional de Sargentos (ANS), Lima Coelho, reafirmou este sábado a acusação de que José Pedro Aguiar-Branco mentiu sobre os motivos da não participação dos representantes dos oficiais, sargentos e praças no processo de revisão do Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR).
Contando que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas perguntou há dias aos líderes associativos porque não tinham aceitado participar na discussão do documento enviado pelo ministro da Defesa, que lhes começou a ler, Lima Coelho negou que Aguiar-Branco tivesse enviado qualquer proposta ou projeto de EMFAR para apreciação prévia das associações.
"É manipulação" de Aguiar-Branco dizer ao general Pina Monteiro que enviara aquele documento para apreciação das assoviações, declarou Lima Coelho, perante os representantes do ministro da Defesa e dos quatro chefes militares, bem como, entre outros, dos grupos parlamentares do PCP e do CDS.
"É bom que fique claro quem é que não está a falar verdade", prosseguiu Lima Coelho, pois isto "é pôr as associações contra os chefes e os chefes contra as associações. É muito perigoso", insistiu Lima Coelho, substituído por José Gonçalves na presidência da ANS.
O porta-voz de Aguiar-Branco negou ao DN esta versão dos acontecimentos ao DN, assegurando que "o documento final foi enviado pelo gabinete para todos quando ficou pronto: chefias, associações, Ministério das Finanças, Ministério da Administração Interna, para a Segurança Social, ...".
A versão de Lima Coelho "não corresponde à verdade", enfatizou Nuno Maia, lembrando que as chefias aceitaram enviar propostas de alteração ao EMFAR quando pedidas pelo ministro, enquanto as associações disseram só responder perante documentos concretos ou se integrados em grupos de trabalho sobre a matéria.
O porta-voz de Aguiar-Branco reafirmou ainda que não foram criados grupos de trabalho no âmbito do Ministério da Defesa para rever o EMFAR.
O DN não conseguiu contactar o Estado-Maior General das Forças Armadas.